sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Maioria dos trabalhadores teve ganhos acima da inflação no primeiro semestre, aponta Dieese

Os reflexos da crise financeira internacional, que se agravou em setembro do ano passado, não chegaram a afetar as negociações salariais da maioria dos trabalhadores com data-base no primeiro semestre deste ano. É o que mostra o estudo Balanço das Negociações dos Reajustes Salariais no Primeiro Semestre de 2009, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) com base no Sistema de Acompanhamento de Salários (SAS) da entidade.

O levantamento, feito com 245 categorias profissionais com base em acordos e convenções coletivas de trabalho, indica que 93% das correções igualaram-se ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ou ficaram acima dele. O percentual foi superior ao de 2008 (87%). No conjunto analisado, 77% das negociações resultaram em ganhos maiores do que o INPC-IBGE contra 72% no ano passado.As correções feitas apenas a título de reposição inflacionária foram dadas a 15,9% das categorias ante 14,7%, no ano passado.Apenas 7,3% de um total de 18 categorias mantiveram-se com salários abaixo do INPC-IBGE.

Ainda assim, o quadro indica melhora nas condições, porque, em 2008, eram 13,1%, atingindo 32 categorias.Dos três setores de atividade analisados, a indústria foi o que mais sofreu com a redução da atividade econômica causada pela crise internacional, e o percentual de reajustes salariais inferiores à inflação cresceu de 6% em 2008, para 9% em 2009. No Comércio, somente um dos 31 documentos assinados por entidades sindicais do setor apresentou reajuste insuficiente para a reposição das perdas salariais em 2009, contra quatro em 2008. O setor de serviços apresenta a maior mudança no quadro dos reajustes salariais na comparação entre 2008 e 2009.

Neste ano, cerca de 72% das negociações analisadas do setor obtiveram reajustes com incorporação de aumentos reais, o que implica um crescimento da ordem de 12 pp em relação a 2008 – o maior na comparação entre os setores.

Entre as considerações finais, o estudo destaca alguns fatores que podem ajudar a compreender o comportamento dos reajustes no primeiro semestre de 2009:- o ajuste das empresas - nos segmentos econômicos e regiões geográficas em que a crise se manifestou com força - ocorreu principalmente pelo expediente da demissão de trabalhadores, e não pelos reajustes salariais das categorias;- os efeitos da crise na economia brasileira que, ao longo do tempo, foram se configurando menos graves que o observado nos países centrais;- a trajetória de recuo dos preços apontada pelo INPC-IBGE nos seis primeiros meses de 2009 foi um fator facilitador da negociação dos reajustes salariais; e a política de valorização do salário mínimo que impulsionou o reajuste dos menores salários, como observado em algumas categorias, em especial do setor de serviços.

Fonte: Dieese

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